Energia, PIM e transição energética

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André Ricardo Costa

Doutor em Administração pela USP e professor da Ufam


Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica. Dentre 37 distribuidoras pesquisadas, o Amazonas registrou a 14ª energia mais cara. Era esse o cenário no último levantamento, há cerca de um ano, o ranking de tarifas para alta tensão – a mais importante para a indústria. Na média tensão o Amazonas era o sexto mais caro entre 105 distribuidoras. Na baixa, o 23º mais caro entre 105 distribuidoras.


Enquanto consumo, fator de produção, o preço da energia é um dos principais aspectos da competitividade industrial. Ao menos era assim até ontem desde Thomas Edison e seus méritos na eletrificação das fábricas. Tanto que, se o leitor tomasse conhecimento das cidades com energia mais barata, de pronto imaginaria o quanto elas devem estar atraindo em investimentos. E de fato estão.


Desde a época em que tracei este ranking as notícias têm avisado sobre o bom andamento das obras de uma nova usina termelétrica nas proximidades do Distrito Industrial. Ainda vamos saber se será um acréscimo de oferta capaz de reduzir as tarifas. Fora o cipoal regulatório do setor elétrico brasileiro, ainda seria necessário investigar a oferta nas etapas posteriores à geração, a estrutura de distribuição aplicável ao PIM. Assim caminharíamos para melhorar nossa competitividade industrial quanto à energia elétrica.


Contudo, debater energia vai além do aumento de oferta. O tanto que se fala de “transição energética” remete à necessidade de substituir fontes de energia mais poluentes – portanto menos eficientes, por fontes com menos resíduos, com destaque ao dióxido de carbono, cujas pródigas emissões na queima de combustíveis fósseis têm levado ao impulsionamento de fontes tais como solar, eólica, hídrica, ondomotriz e mesmo a nuclear.


A matriz energética do PIM é composta totalmente por um combustível fóssil, o gás natural. Ao reconhecer que esta realidade não deve mudar nas próximas décadas, há que mencioná-la como ativo ambiental. Grande parte da capacidade industrial do planeta é movida pelo carvão, que é a fonte mais podre. Em seguida, o petróleo. Dados do ourworldindata.com estimam o carvão como responsável por 25 mortes a cada terawatt-hora. O petróleo, por 18. O gás natural, por 3. Ou seja, dentre as alternativas fósseis, nós recorremos à mais limpa.


Enquanto produção, o PIM tem em seu portfólio vetor de permanente colaboração com a transição energética, que ocorre a cada atualização de linha para versões mais eficientes de TV’s, computadores, telefones, ar-condicionados etc. Espera-se, contudo, produção maior de itens usados nas atividades de transição. Já produzimos inversores e baterias. Ainda não produzimos painéis e células fotovoltaicas. Nem PPB temos para isso.


Enquanto nos é negada a produção de painéis solares não precisamos cair no lamento. A demanda nacional por este item está em péssimo momento. Mas o PIM pode se posicionar em outro segmento da energia fotovoltaica: O dos ambientes internos, os dispositivos de Internet das Coisas e computação vestível. São itens pertinentes ao portfolio atual do PIM e usam células fotovoltaicas orgânicas, que não competem com os painéis produzidos nos outros estados da federação.

Esses são pontos em que a oferta de energia e transição energética merecem acompanhamento pela competitividade da indústria amazonense. Ao lado de educação e treinamento, logística, conectividade, inovação, financiamento, desburocratização e outros. São desafios a serem tratados em simultâneo, sem que um tema desmereça os demais.