Samsung não demitirá no Amazonas. Não necessariamente

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No último dia 11 de setembro a agência de notícias Reuters (link ao fim do texto) divulgou rumores de que o conglomerado coreano Samsung está em vias de efetuar elevados cortes em sua força de trabalho. Os cortes devem ocorrer principalmente nas suas subsidiárias estrangeiras, nas Américas, Europa, Ásia e África, e com maior concentração nas áreas de marketing e vendas, onde os cortes devem afetar 15% da força de trabalho, e administrativos, onde devem afetar 30%.


Os cortes seguem dificuldades da coreana no mercado consumidor, que tem registrado suavização na demanda global por produtos de tecnologia, sobreposta à maior concorrência em ramos como o de telefone celulares, onde a chinesa Huawei ingressou com ênfase no que antes era duelo Apple-Samsung. No mercado de chips tem sido desafiada pela pequena rival coreana SK Hynix, e tem sofrido derrotas ante a consolidada TSMC.


Não bastasse, também tem enfrentado instabilidades com sua mão-de-obra. Na Índia, onde emprega 25 mil trabalhadores, a Samsung enfrentou greve, com prejuízo à produção local. O rumor aponta para demissão de 1.000 funcionários naquele país, onde colaboradores de médio escalão já têm recebido indenizações. Na Coreia, onde emprega 120 de seus 268 mil funcionários, a Samsung também enfrentou greve. Contudo, pela sensibilidade política de ser a maior empregadora da Coreia do Sul, os rumores apontam que os cortes não devem afetar as operações na matriz.


Assim, nada na matéria indica que as demissões afetarão as operações da coreana em Manaus. Aqui há poucos funcionários das áreas apontadas pelos rumores como alvo dos cortes: Marketing e vendas, e administrativo.


Ademais, os produtos fabricados em Manaus enfrentam no mercado consumidor brasileiro concorrência menor que observado pela Samsung a nível global. Tanto que em 2023, mesmo com o tão reclamado desempenho do setor de Bens de Informática em particular, e do que o PIM sofreu como um todo em meio à Seca, a Samsung Eletrônica da Amazônia (SEDA) registrou desempenho de vendas acima da média histórica, com US$ 3 bilhões de faturamento e US$ 254 milhões de lucro. Como indicativo do que deve vir para os meses atuais, aumentou a importação de alguns insumos típicos da produção da SEDA, como as baterias de íons de lítio, que em agosto aumentou em 24% ante julho.


Ainda que esteja distante dos recordes de faturamento, de 2014, e de lucro, de 2017, a SEDA colhe frutos de sementes recém-plantadas. Em 2021 anunciara o maior projeto da História do Codam, prevendo à época investimentos de R$ 8,3 bilhões para atualizar a planta de celulares. Com juros baixos seguidos do prolongamento do auxílio emergencial, as vendas de 2022 aproximaram-se de US$ 8 bilhões. Desde o anúncio de 2021, os investimentos diretos da matriz coreana na subsidiária amazonense aumentaram em US$ 432 milhões, chegando a US$ 5,5 bilhões. Hoje, SEDA ocupa o 12º lugar no ranking de vendas da multinacional.


A matéria da Reuters ainda cita que, em meio aos rumores, as ações do conglomerado estão sendo cotadas nos menores níveis em 16 meses. A subsidiária amazonense, tudo indica, pode ser fonte valiosa para que a matriz melhore seu clima a nível global.


https://www.reuters.com/technology/samsung-elec-pl...

Crédito imagem: André Moura/Pexels